Começando do começo

É verdade que deixei São Paulo com os olhos cheios d'água. Dentro daquele ônibus foi a única coisa que eu consegui fazer quando vi aquele céu meio rosa, meio azul, ficando pra trás. Aquele mundo de concreto, aqueles milhares de carros e eu indo. Deixando pra trás bastante coisa. Eu tinha me apaixonado por aquela metrópole imensa. É que São Paulo tem uma feirua bela, que só Caetano pôde descrever com perfeição. Mas o problema é que eu estava mesmo era com saudade de Minas. Saudade das pessoas começarem frases com "Uai", a terrinha me chamava de volta. E percebi que com 24 anos, a gente muda completamente o foco. Saudade de sentar no café da praça e bater papo com uma amiga. E foi a primeira providência, depois de passar um dia inteiro imersa em papéis. E aqueles papos, lavando a alma, cainda em gargalhadas. É isso que faz a vida da gente. E eu percebi, meu lugar é onde exatamente meu coração está. E eu estou de volta, para isso, fechar o ano com chaves de ouro. Esse que foi o ano mais esquisito da vida. Com certeza, o mais estranho. Terminando, com a minha doçura e meu leve azedume. Porque eu sei ser um docinho, mas sei bem ser uma pimentinha.